A ministra da Agricultura, Teresa Cristina, poderá assumir o ministério das Relações Exteriores. Esse é o desejo de políticos ligados ao Centrão, que apoiaram os candidatos do presidente Jair Bolsonaro durante a escolha para a presidência da Mesa da Câmara dos Deputados e Senado Federal no início deste mês. Parlamentares da base de apoio de Bolsonaro querem substituir a ministra para acomodar suas indicações políticas.
Bolsonaro nega a sua intenção de trocar o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. No entanto, a indicação de Teresa Cristina resolveria dois problemas importantes para a política externa do Brasil. Primeiro, a mudança da presidência dos Estados Unidos, com a vitória de Joe Biden, conduz a política externa americana para o alinhamento com a Europa em relação à defesa do clima. Segundo a ministra demonstrou ser hábil negociadora ao intermediar a liberação de insumos para a produção da vacina para combater a Covid-19 no Brasil com a China.
A ministra mantém diálogo com o embaixador chinês no Brasil, Yan Wanming e atuou para evitar retaliações comerciais depois de tensões causadas por declarações do ministro Ernesto Araújo e do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. Teresa Cristina também tem apoio do setor produtivo para ratificar o acordo firmando entre Mercosul e União Europeia, anunciado em 2019. Um dos motivos pelos quais essa parceria ainda não teria sido firmada é que haveria resistência de países europeus que citam a política ambiental do governo Bolsonaro.
O governo do presidente Joe Biden acompanha de perto os acontecimentos no Brasil relacionados aos direitos humanos e à preservação ambiental, mas pretende continuar fortalecendo os laços econômicos e comerciais com o país sul-americano, segundo informou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, nesta segunda-feira (08).
Ao ser questionada sobre pedidos de entidades e membros do Partido Democrata para que negociações comerciais com o Brasil fossem suspensas devido a preocupações com os direitos humanos e o meio ambiente, Psaki disse que o governo Biden não se absterá de levantar preocupações quando houver diferenças com o do presidente Jair Bolsonaro.