O Ceará entrou para o mapa da melancia amarela no Brasil. O povoado de Cacimba Funda, em Aracati, no litoral leste do estado, tornou-se o primeiro a produzir a fruta em escala comercial. A iniciativa é da Cooperativa da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Solidário (Coopades), que já colheu mais de 6 toneladas em uma área de 8 hectares. O fruto, originário da Ásia e cultivado em menor escala no país, surge como alternativa para diversificação da renda de agricultores familiares.
A proposta foi apresentada por Antônio Braz da Silva, tesoureiro da cooperativa, após observar a venda da melancia amarela às margens da BR-304. Atualmente, 15 cooperados participam do projeto, que integra uma estratégia mais ampla de assistência técnica e financeira a 133 famílias de produtores de hortifrutis no Ceará.
De acordo com informações do Movimento Econômico, o cultivo da melancia amarela envolve desafios financeiros significativos. O milheiro de sementes custa cerca de R$ 620 — dez vezes mais que a variedade de polpa vermelha. O ciclo de produção é de 65 dias e cada pé frutifica apenas uma vez, o que exige replantio constante.
Embora o preço médio do quilo seja de R$ 2, a Coopades comercializa a R$ 1,20 para acelerar a entrada no mercado. No varejo, a melancia amarela é vendida entre R$ 3 e R$ 4 a unidade. Menor que a vermelha, a fruta se diferencia pela polpa crocante e pelo sabor mais adocicado.
O maior entrave da comercialização da melancia amarela é a dependência de atravessadores. “Se vendêssemos 30% da produção para o governo e para o município, já era uma boa quantidade, mas ainda dependemos dos atravessadores”, diz Antônio Braz.
Atualmente, as vendas acontecem em feiras locais, em pontos de degustação e no posto da BR-304, no km 98. O local atrai caminhoneiros de outros estados, como Pernambuco, que levam a fruta para novas cidades, abrindo caminho para expansão regional.
A Coopades é a primeira cooperativa do Ceará a investir na produção comercial de melancia amarela. No Nordeste, a Bahia iniciou cultivo semelhante em 2021.
O desempenho inicial já impulsiona novos projetos. A entidade testa o cultivo de cenoura e beterraba orgânicas e planeja expandir para morango, maracujá, pitaya e cacau, com sistemas de irrigação e estufas voltadas para padrões de exportação. Outra frente busca estimular o cultivo de açaí e pimenta-do-reino no sertão, produtos com demanda crescente, mas ainda pouco explorados na região.






