O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou, na tarde desta sexta-feira (21), do enterro da sua mãe, Olinda Bolsonaro, 94, em Eldorado, no interior paulista. Antes, esteve no velório e chegou a chorar no caminho ao cemitério.
Bolsonaro antecipou seu retorno do exterior e viajou a São Paulo após a morte de Olinda, anunciada durante a madrugada. O presidente voltou de viagem oficial ao Suriname, em uma agenda voltada para cooperação na área de energia. Havia previsão de uma visita da comitiva presidencial à Guiana nesta sexta-feira, mas ele antecipou seu retorno ao Brasil.
“Que Deus a acolha em sua infinita bondade”, escreveu Bolsonaro, em suas redes sociais.
Vestindo uma jaqueta preta, Bolsonaro chegou a Eldorado por volta das 15h, e 20 minutos depois entrou no salão paroquial onde a mãe era velada. Também participaram do evento de despedida dois filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Jair Renan. A primeira-dama Michelle também acompanhou o presidente durante todo o evento.
Olinda foi velada no salão paroquial da igreja católica da cidade, um local amplo, com móveis simples e cadeiras de ferro para os convidados. Ao lado de seu caixão, coroas de flores registravam a saudade de familiares.
Antes da chegada do presidente, amigos da família se revezavam no local. Depois, algumas dezenas de pessoas se aglomeram do lado de fora, na praça principal de Eldorado.
Durante o velório, foram entoados hinos católicos e houve uma missa. Ao sair do local, emocionado e algumas vezes lacrimejando, o presidente seguiu a pé, de braço dado com Michelle, até o cemitério da cidade.
Durante o trajeto de quase um quilômetro, com uma subida íngreme e debaixo de sol forte, o presidente estava cercado por amigos e seguranças. Ao chegar no local, Bolsonaro carregou a alça do caixão da mãe.
A imprensa foi mantida afastada do núcleo mais próximo pela equipe de segurança durante o enterro. Bolsonaro saiu do local sem falar com a imprensa. Antes de entrar no carro oficial, cumprimentou policiais militares e abraçou um menino.
Em vídeo divulgado por um canal de apoiadores, Bolsonaro, em declaração aos presentes no velório, disse que Olinda foi um exemplo de mãe e relembrou de quando ela perdeu um filho. “Difícil entender a morte”, disse, emocionado.
Assessores do presidente não souberam dizer a programação dele depois da despedida de sua mãe.
Olinda morava em Eldorado, cidade de 15 mil habitantes no Vale do Ribeira. Foi internada em um hospital de Registro, a 56 km de distância. A mãe de Bolsonaro fazia parte de uma família de imigrantes italianos, era dona de casa e passou parte da vida na zona rural. Ela e o marido, o dentista prático Percy Geraldo Bolsonaro, morto em 1995, tiveram sete filhos. O presidente é o terceiro.
À tarde, a praça da cidade permaneceu lotada de moradores de Eldorado, muitos curiosos e com celulares. Outros conheciam a família há muito tempo, e foram ao local para se despedir.
Amigas da família, Vilma Ribeiro, 73, e Jacira dos Reis, 72, foram ao salão paroquial dar adeus a Olinda. Elas contaram que conheciam Bolsonaro desde menino, quando ele e irmãos nadavam em um rio da cidade.
Segundo elas, o casal Percy Geraldo e Olinda eram muito conhecidos em Eldorado, uma vez que o pai do presidente era o único dentista da cidade. Já Olinda era descrita como uma pessoa simples e humilde. Há algum tempo, segundo relatos da cidade, ela já não estava bem de saúde.
Em agosto do ano passado, o presidente visitou a mãe. Estava acompanhado de três filhos, o senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos). Na ocasião, ele disse que Olinda não o reconhecia mais.
Em 2019, uma das irmãs de Bolsonaro contou ao jornal Folha de S.Paulo que a mãe tinha lapsos de memória, gostava de assistir programas sobre gastronomia e vida no campo na TV e havia abandonado seu principal hobby, a pintura, que aprendeu em um curso por correspondência.
Nas redes sociais, o presidente postou um vídeo do último encontro com Olinda, em que conversava com a mãe e falou sobre a infância. Ele também fez outro post com fotos dos pais com ele, na infância e depois na vida adulta.
No ano passado, a mãe de Bolsonaro chegou a ser assunto de live do presidente, na época em que ela tomou a vacina contra o coronavírus. Em março, ela recebeu a segunda dose da vacina Coronavac. Rival de Bolsonaro, o governador João Doria (PSDB) comemorou.
“Quero registrar minha alegria com a notícia de que Olinda Bolsonaro acaba de receber a segunda dose da vacina do Butantan, a Coronavac, em Eldorado. A senhora está salva com a vacina do Butantan. A senhora deu um exemplo de amor à vida.”
Bolsonaro chegou a dizer em uma live que sua mãe recebeu o imunizante de Oxford/Astrazeneca. No vídeo, ele mostrou um papel rasgado que seria a reprodução do cartão de vacina da mãe e disse que a vacinação foi usada para fazer “politicagem”.
“O cara [enfermeiro] vacinou minha mãe e foi embora. Duas horas depois o cara volta lá todo apavorado, chama lá a pessoa que acompanha minha mãe, pega o cartão de vacina dela, que é este aqui e rasga. E entrega para minha mãe o cartão escrito embaixo ‘Butantan”, disse o presidente.
Depois do relato de Bolsonaro, a Prefeitura de Eldorado informou que abriu uma sindicância administrativa para apurar se houve erro ou mudança no cartão de vacinação.