Uma manifestação popular, em regra, tem a intenção de abalar o establishment daquele determinado país a depender da força exercida, agitando a ordem ideológica, econômica, política e legal que constitui uma sociedade ou um Estado.
Em vários momentos da história vivenciamos manifestações e até mesmo revoluções com o objetivo de conseguir o melhor ou o que muitos acreditaram ser o melhor para a maioria das pessoas, mas muitas vezes se faz em um determinado grupo que domina a maioria para manter o “status quo”.
Chama a atenção ultimamente que os que se dizem líderes de um determinado povo ou até mesmo os que querem chegar a esse nível, demonstram um baixo nível de postura e oratória para com aqueles que deseja liderar.
De fato ainda existem alguns grupos de dissidentes, majoritariamente pequenos, que tentam manter a retidão, mas por mais importantes que possam ser moralmente, atualmente, não conseguiriam constituir nenhum tipo de sociedade digna, até porque quando algum se sobrepõe com ações corretas, o sistema que geralmente é uma elite fechada, entrincheirada em instituições específicas, derruba o próprio sistema, fazendo com que o povo pense que não tem solução.
Tudo isso sempre se manteve de uma maneira aceitável, mas ultimamente podemos perceber uma incivilidade humana surreal, com ações deprimentes e por vezes incrivelmente justificada por quem tentou algo desprezível e até mesmo com uma certa defesa de outros justificando o injustificável.
Palavra muito usada atualmente, principalmente por políticos: narrativa, que “consiste em um conjunto de eventos, a história, contados em um processo de narração ou discurso, em que os eventos são selecionados e dispostos em uma determinada ordem.”
Tal narrativa infelizmente está fazendo a sociedade vivenciar atrocidades aceitáveis a todo momento.
Acredito que exista uma diferença entre a narrativa e discurso que está na análise. Narrar é uma argumentação numa análise maior, o discurso é uma apresentação menor da narrativa.
Assim, nosso Papo de Quinta tenta esclarecer essa palavra tão usada nesse período eleitoral que estamos passando, mas prefiro referir-me à oratória que é a arte de saber falar.
A oratória é de fundamental importância para todo político. É quando ele passa credibilidade e confiança para o eleitor, isso quando usada de forma honesta.
Entretanto, nas últimas semanas fomos inundados com toda forma de comunicação, oral ou não – emotivas e agressivas.
Deixo claro que procuro fazer uma análise técnica, longe de defender alguma bandeira partidária, muito menos determinados políticos. A comunicação nos acompanha 24h por dia. Mesmo que você não fale nada, o silêncio é uma forma de se comunicar.
Um exemplo, no campo político, é se você não se manifesta a favor ou contra um candidato, você está se comunicando, assume uma postura neutra. Não levanta bandeira de nenhum e acaba por interpretação dos demais, negando a todos.
Ao percebermos que um determinado político agride verbalmente outro, que tem a justiça para tentar se defender, mas escolhe devolver a agressão verbal com uma agressão física e percebemos pessoas se digladeando defendendo os dois, a incivilidade humana chegou ao nível de manipulação que o sistema deseja. Perde-se a racionalidade e a manipulação prevalece.
Ou ainda quando temos Ministros de Estado acusados de crimes terríveis, como por exemplo um assédio sexual e não percebemos a mídia ou aqueles que deveriam se manifestar contra falando sobre, com receio de não macular a imagem de determinado grupo político.
Faz-se necessário que tenhamos políticos ou os que desejam o cargo com controle emocional e sem hipocrisia em seus atos, mas quando temos os governados se importando pouco com o básico, as atrocidades tendem a prevalecer.
Lembrando sempre que a emoção é uma potência na comunicação, se alguém provoca em você. Difícil sermos indiferentes a algo que nos emociona. A comunicação agressiva vem se spresentando em todos os debates políticos. Quem ataca quer extrair a ira do atacado, mas que não deveria cair em provocações.
Em verdade nem deveríamos discutir isso em debates, mas a falta de discernimento presente em determinadas pessoas faz com que isso infelizmente aconteça.
Quem responde ao ataque com ataque, o agressor já o controlou, já conseguiu que o outro entrasse no campo da discórdia. O mais difícil e o mais importante na comunicação é o equilíbrio, que está bem distante de nossa política e da grande maioria dos nossos políticos.
Papo de Quinta por Alex Curvello
Advogado – Presidente da Comissão de Direito Previdenciário OAB Litoral Leste Ceará
@alexcurvello