A discussão ocorre em torno do derramamento de óleo no litoral nordestino ocorrido há cerca de um ano. A possibilidade foi colocada após a análise de imagens de satélite, que detectaram uma possível mancha de um vazamento de óleo de 433,22 km quadrados
Por meio de nota divulgada na última semana, a Marinha do Brasil (MB) informou que está descartada a hipótese levantada por pesquisadores do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite da Universidade Federal de Alagoas (Lapis/Ufal), de que o óleo em questão tenha sido oriundo do Golfo da Guiné.
A discussão ocorre em torno do derramamento de óleo no litoral nordestino ocorrido há cerca de um ano. A possibilidade foi colocada após a análise de imagens de satélite, que detectaram uma possível mancha de um vazamento de óleo de 433,22 km quadrados, a aproximadamente 200 km da costa do país de Camarões, local onde ocorre tanto a exploração de petróleo, como o tráfego de navios é intenso.
Conforme especialistas convocados pela Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), entretanto, a velocidade conhecida das correntes superficiais e subsuperficiais do oceano Atlântico fariam com que as manchas de óleo tomassem outra direção.
Considerando-se que a distância média entre a porção central do Golfo da Guiné e a costa nordestina é de cerca de cinco mil quilômetros, cientistas defendem que grande parte do volume derramado tenderia a afundar ao longo de sua trajetória, como resultado dos processos de evaporação, dispersão e lixiviação que caracterizam o intemperismo do óleo. Ainda em nota, a MB afirmou que está trabalhando para evitar acontecimentos semelhantes no futuro.
O destino do óleo no ambiente marinho, conforme o órgão, depende da quantidade derramada, suas características físicas e químicas iniciais e as condições climáticas e da hidrodinâmica oceanográfica. No caso do incidente em questão, as indicações dão conta que o produto foi descarregado em mar aberto, possivelmente a uma distância considerável da costa.
Em junho de 2020, novos vestígios de óleo foram identificados em algumas praias do litoral brasileiro. O material passou por procedimentos de limpeza e análise de amostras para catalogar possível local de origem. Dos cerca de 100kg de vestígios recolhidos, estima-se que somente 30% sejam efetivamente óleo relacionado ao derramamento do ano passado. A MB não informou a possível procedência dos outros 70%.
Até a última pesquisa de campo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), realizado em março de 2020, somente três (Ceará, Piauí e Paraíba) dos 11 estados afetados não apresentaram vestígios de óleo. Bahia deteve o maior contingente de áreas oleadas, com 56, seguido por Sergipe, com 29. Pernambuco e Rio de Janeiro tiveram os menores índices, com 1 e 2, respectivamente. Relatório do Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), vinculado à MB, aponta que, entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020, foram recolhidas mais de cinco mil toneladas de óleo e resíduos oleosos, entre os estados do Maranhão e Rio de Janeiro.