Estudos feitos pela Tendência Consultorias e MB Associados apontaram o aumento da pobreza e da miséria no Brasil. A pesquisa da Tendência demonstrou que mais da metade da população está nas classes D e E, com no máximo R$ 2,9 mil de renda domiciliar. A percepção da pobreza piorou de 2021 para 2022 em 14 das 15 capitais avaliadas pela MB.
O prognóstico de curto prazo também é negativo, pois a retomada econômica tende a favorecer primeiro as classes mais altas da população, que são apenas 2,8% do país, enquanto a mobilidade de renda de 50,7% das classes D e E deve ser reduzida nos próximos anos.
A população menos favorecida é diretamente afetada pelas políticas e programas sociais, enquanto a classe média está mais dependente de seu salário, sendo apenas os mais ricos que podem contar com maior participação de outras fontes de renda, tais como juros, lucros e aluguel. Com a alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, a renda dos domicílios da Classe A deve ser beneficiada.
A Tendência Consultorias considerou a atual política com relação ao salário mínimo, de correção apenas pela inflação, até 2026 para formular as projeções, sendo que a partir de 2027 passou a levar em consideração, além do reajuste inflacionário, o crescimento do PIB per capta. Como o salário mínimo é uma referência até mesmo para aqueles que não possuem emprego formal, foi possível aferir as projeções econômicas e sociais dos próximos anos.
Quando calculado o quanto os itens essenciais pesaram no bolso das família, ficou claro o impacto da desigualdade. Enquanto os mais ricos utilizavam 48,6% dos ganhos para os itens essenciais, a classe média alta utilizava 61,5%, a classe média baixa, 71,2%, e os mais pobres, 78,6%.
O estudo ainda mostrou que as vendas no varejo em regiões mais assistidas pelas medidas de proteção social, com destaque para o Norte, tiveram um crescimento com o Auxílio Brasil. Acompanhando essa tendência, as vendas de primeira necessidade, como os produtos de supermercados e farmácias, devem crescer.
No entanto, o ano de 2022 deve ser marcado pela incerteza econômica, o que impõe riscos ao cenário do consumo. Isso se deve tanto aos acontecimentos internos, com destaque à eleição presidencial, como externos, com o contexto da pandemia e o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
O estudo da MB associados mostrou ainda que a percepção da miséria cresceu em quase todas as capitais contempladas na pesquisa. O índice leva em consideração aspectos como a taxa de desemprego e a inflação.
Os resultados apontaram especialmente para a perda do poder de compra da população, o que prejudicaria a retomada econômica, com o mercado interno não se mantendo aquecido.
A média dos índices de percepção da pobreza no Brasil está em 22,6 pontos, superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
As capitais com o pior desempenho foram Salvador, Recife e Aracaju. Os melhores índices estão em capitais de estados mais industrializados, porém com indicativos que pioraram durante o ano. Apesar do desemprego mais baixo, Curitiba e Porto Alegre, as melhores do país, tiveram a percepção da miséria aumentada por conta da subida da inflação.