Data simbólica que surge a partir de um manifesto por igualdade de direito civis, 8 de março representa o Dia da Mulher, internacionalmente. Para além do simbolismo, a mulher cada vez mais mostra que o seu valor vai muito além de uma data. Hoje elas estão em todos os espaços, ainda que a luta seja todos os dias.
Se antes elas lutavam por direitos como o voto, hoje vão além. “Nos últimos tempos, nós, mulheres, estamos cada vez mais ganhando espaço em áreas consideradas antes majoritariamente masculinas, e isso não fica atrás no setor da construção civil”, destaca Thaís Braga, engenheira civil e dona do seu próprio negócio. “Hoje, após 5 anos de formada, me considero uma vencedora, por ter superado a barreira inicial e conquistado o meu lugar no mercado de trabalho”, completa ela. Thaís comanda o empreendimento TB Engenharias & Projetos no município de Aracati.
Para a engenheira, ainda existe preconceito com a atuação feminina e a desigualdade salarial no setor da engenharia civil. “Precisamos lidar diariamente com o assédio, a subestimação, a depreciação e a superproteção, além da desconfiança com nossa capacidade profissional. Porém, a luta é diária e constante e, com cautela, disciplina e dedicação, aos poucos vamos destruindo essa ideologia de que não podemos fazer nada igual ou melhor do que os homens”, finaliza ela.
Dentre tantas mulheres que seguem carreiras ainda muito atreladas ao universo masculino, destaca-se a eletricista Isabel Cristina do Santos. Natural de Aracati, hoje trabalha em Limoeiro do Norte num Centro de Operações. Ela entrou na Coelce/Enel 24 anos atrás, onde acredita que não existia, pelo menos aqui na região, eletricista de campo do sexo feminino. Exerceu a função por 8 anos em Aracati até ser transferida em 2005 para Limoeiro.
“Como não havia restrição de sexo para prestar o concurso público de 1996, me inscrevi e passei. Em um dia eu era professora e no outro estava fazendo treinamento para ser eletricista de construção e manutenção do sistema elétrico. Foi uma mudança radical. Fui bem recebida por meus companheiros de trabalho em Aracati. Nunca percebi neles nenhum tipo de discriminação. Saia com eles para todo tipo de serviço. Já as mulheres me olhavam com espanto e céticas. Achavam que eu não conseguiria”, conta a eletricista.
Para Bel, como é conhecida, que já trabalhou inclusive subindo em postes, “com esforço e determinação qualquer mulher é capaz de desempenhar a função que ela desejar, basta ter coragem para vencer os obstáculos”.
Em tempos de pandemia, uma profissão que vem se destacando muito é a de entregador delivery. “Eu me sinto muito privilegiada de me encontrar em um lugar que é estigmatizado sendo um espaço de homens, sinto que sendo a única motogirl (até onde eu sei) de Canoa é uma oportunidade de inspirar outras mulheres!”, destaca Linda Inês, nascida e criada na praia de Canoa Quebrada, que trabalha como entregadora na Pizzaria O Mário.
A motogirl acredita que por ser mulher acaba ajudando a ter uma relação mais harmônica com os clientes. “Sinto que eles se sentem mais à vontade, principalmente as mulheres”.
“Acredito que esteja entre as profissões mais desafiadoras no momento, pelo risco de contaminação. Mas sei também que tem sido um meio muito importante de ganha pão diário, de vencer as dificuldades e de garantir um bem estar às pessoas que estão dentro de suas casas, levar amor através da comida, do delivery”, finaliza ela.