A vacinação contra Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos está perto de começar. Ao todo, 50 mil doses pediátricas da Pfizer vão desembarcar no Ceará ainda nesta semana, contemplando os pequenos que estão cadastrados na plataforma Saúde Digital. Muitos pais ou responsáveis, no entanto, estão com dúvidas quanto à sua eficácia.
A coordenadora da Célula de Imunização da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Kelvia Borges, afirma que as vacinas são o meio mais seguro de proteção contra diversas doenças, tendo a missão de estimular a produção de defesas do organismo. “Os imunizantes garantem que, ao entrar em contato com o agente infeccioso, a defesa do nosso corpo seja reativada por meio da memória do sistema imunológico, com a produção de anticorpos, limitando ou, como acontece na maioria das vezes, eliminando a ação inimiga antes que a doença se instale”, explica.
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Todos os imunobiológicos passam por diversas fases de análises, que vão do desenvolvimento até a produção. “No Brasil, os imunizantes são avaliados e aprovados por institutos reguladores rígidos, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, pontua Borges. Após estudo do órgão federal e licenciamento das vacinas, os estados realizam acompanhamento de eventos adversos. “O que permite a continuidade de monitoramento da segurança do insumo”, reforça.
“Proteção contra forma mais grave da doença”
A Covid-19 – e suas variantes, principalmente a Ômicron – é uma doença de alto índice de contaminação. Neste cenário, a função da vacina é proteger a população contra uma infecção mais grave, desafogando as unidades de saúde e evitando, inclusive, a evolução de óbitos. “As crianças não vacinadas estão expostas ao vírus, com riscos de complicações e, consequentemente, hospitalização ou morte. Reforça-se a importância da vacinação de todas as crianças elegíveis para fornecer proteção individual e preservar aquelas que ainda não entraram na faixa etária apta a receber o imunizante”, sublinha a técnica.
A profissional informa que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o público com idades entre 5 e 14 anos tem sido o mais afetado pela nova onda de Covid-19 na Europa. “Apesar do menor risco em relação a outras faixas etárias, nenhuma outra doença imunoprevenível causou tantos óbitos em crianças e adolescentes no Brasil em 2021 como a Covid-19”, destaca Borges, ressaltando que a vacinação de crianças é fundamental para prevenir mortes por uma doença que já existe imunizante disponível e gratuito. “É importante considerarmos as complicações da infecção pelo coronavírus nessa faixa etária, como o risco de síndrome inflamatória multissistêmica e o elevado número de hospitalizações”.
“A vacinação é a única esperança nesse cenário”
Para o professor Jairo Ponte, a vacinação é a única estratégia que dá esperança em meio ao atual cenário epidemiológico. “De tudo que aconteceu, uma coisa ficou muito clara nesse percurso: só a vacinação em massa se mostrou eficiente para conter a pandemia e seus efeitos”, avalia ele, que é pai de três filhos – de 2 meses, 9 e 11 anos.
De acordo com o docente, os resultados positivos da vacinação são vistos de forma mais ampla. “Na maioria dos casos, as vacinas evitam o contágio, mas, mesmo quando isso não acontece, evitam casos graves e mortes, o que significa menos internações e menos ocupação de leitos de UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. A vacinação desafogou o sistema de saúde como nenhuma outra medida conseguiu fazer”, diz.
Ponte pede que pais e responsáveis vacinem seus filhos. “A vacinação de crianças é um passo importantíssimo para debelar de vez a pandemia e a vida voltar ao normal. Vacinando as crianças, aumentamos a barreira imunológica, diminuímos a circulação do coronavírus, o que não só aumenta a proteção dos mais vulneráveis, mas também impede a replicação descontrolada do vírus, impedindo o surgimento de novas variantes”, ensina.
Reações adversas
Reações adversas podem ocorrer com qualquer imunizante, mas os benefícios da vacinação são mais positivos, frente aos eventos mais leves. As manifestações mais frequentes em crianças de 5 a 11 anos que receberam doses de outro imunizante que também necessita de reforço foram: dor no local da injeção (>80%), fadiga (>50%), cefaleia (>30%), vermelhidão e inchaço no local da injeção (>20%), mialgia e calafrios (>10%).
Cadastro no Saúde Digital
A distribuição das doses da vacina Pfizer/Comirnaty no Ceará ocorrerá mediante cadastro das crianças na plataforma Saúde Digital e seguirá as faixas etárias por ordem decrescente. “Essa estratégia tem como objetivo organizar o processo de vacinação e dar transparência aos agendamentos”, comenta a coordenadora de Imunização da Sesa. A conclusão do registro precisa ser confirmada pelo e-mail cadastrado.
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