Um prédio de quatro andares desabou na madrugada desta quinta-feira (3) na comunidade Rio das Pedras, zona oeste do Rio de Janeiro. Um incêndio foi controlado no local após o desabamento.
O Corpo de Bombeiros confirmou, até o começo da tarde, duas mortes. As vítimas foram um homem de 30 anos e uma menina. A criança teria idade entre dois e três anos.
A construção que desabou era irregular, segundo a Secretaria Municipal de Habitação. Os bombeiros seguem no local.
Outras quatro pessoas (três mulheres e um homem) foram resgatadas com vida dos escombros. Três feridos foram encaminhados para atendimento médico no Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e uma para o Miguel Couto, no Leblon.
O prédio, localizado na esquina da rua das Uvas com a avenida Areinhas, ruiu entre 3h e 3h30. Antes do desabamento, testemunhas relatam ter ouvido “estalos” e barulho de explosão.
“A Secretaria Municipal de Habitação informa que a construção que desabou no Rio das Pedras, na madrugada desta quinta, era irregular. A equipe da SMH está no local para prestar o atendimento necessário às famílias”, aponta nota divulgada pela Prefeitura do Rio.
Bombeiros, policiais militares, equipes da Defesa Civil, da Guarda Municipal e da Secretaria Municipal de Assistência Social foram acionados para o atendimento.
Ruas da região foram interditadas para o trabalho de resgate. Ainda não há informações oficiais sobre as causas do desabamento.
Duas das três pessoas encaminhadas para o hospital Lourenço Jorge já tiveram alta. Uma mulher de 28 anos permanece sob cuidados na unidade, com quadro estável.
Para o Miguel Couto, foi levada uma mulher de 26 anos, conforme a Secretaria Municipal de Saúde. No final da manhã, a paciente passava por avaliação e exames.
Técnicos da Defesa Civil Municipal avaliam os danos que teriam sido causados em outras quatro edificações (uma à direita e três à frente) e se haverá necessidade de novas interdições. A Secretaria Municipal de Assistência Social montou um ponto de acolhimento para atendimento de famílias.
Inicialmente, havia relato de 12 pessoas feridas, mas a informação foi atualizada pelos bombeiros.
O caso aconteceu na mesma região da tragédia de Muzema, que deixou 24 mortos e sete feridos após dois edifícios ruírem no condomínio Figueiras de Itanhangá, em abril de 2019. A região é dominada por milícias. Os milicianos atuam com grilagem de terras em Rio das Pedras e na comunidade de Muzema.
O vereador Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que o prédio que desabou nesta madrugada faz parte da “cidade ilegal, das milícias”.
“No lugar dos tapetes de cores de Corpus Christi, escombros e dor”, disse, sobre o fato desta quinta ser uma data religiosa.
Em maio, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu, por meio da 1ª Vara Criminal, soltar três réus acusados pelo desabamento que matou as 24 pessoas na comunidade da Muzema, sob a alegação de excesso de prazo na prisão preventiva.
O Ministério Público do Rio de Janeiro foi contrário à revogação das prisões e alegou que não é possível falar em excesso de prazo porque o processo é complexo. “Assim, o decurso do prazo de dois anos, mormente durante período de pandemia, que já se alonga por mais de um ano, é na verdade não moroso, mas rápido”, argumentou o órgão.