Quem tiver viagem programada para o final do ano e as férias precisa pensar na dengue. A doença é transmitida pelo Aedes aegypti, que gosta de calor e água parada. A ausência dos cuidados necessários abre precedente para a formação de criadouros do mosquito nas áreas externas da residência.
“O Aedes aegypti é urbano e doméstico. Ele vive em locais com alta concentração humana e dentro ou ao redor de construções. O Aedes se reproduz em água limpa e parada, e em objetos pequenos que acumulam água da chuva como tampas de garrafa e cascas de ovos”, explica Luiz Arthur Caldeira, coordenador de Vigilância em Saúde do município de São Paulo.
Segundo Caldeira, se a viagem ultrapassar sete dias, o morador pode pedir a alguém que inspecione o quintal para identificar e eliminar possíveis focos que possam surgir enquanto a família estiver fora.
Ele também orienta a verificar se a caixa d’água está bem fechada; limpar a bandeja coletora de água do ar condicionado; colocar areia nos pratos de planta; limpar e guardar as vasilhas de alimentação dos pets; tampar os ralos e abaixar as tampas dos vasos sanitários; limpar a bandeja externa da geladeira; recolher e acondicionar o lixo do quintal, deixando-os bem tampados; manter baldes, galões de água, cisternas, tanques e regadores virados para baixo, de preferência em locais cobertos; manter aquários e lagos artificiais tampados ou telados; e guardar pneus e garrafas virados com a boca para baixo ou tampados, em local coberto.
Para o biólogo Allan Pscheidt, professor e coordenador do curso de ciências biológicas da FMU, é prudente saber o estado de conservação das calhas que captam a água da chuva e a situação dos bueiros perto da residência – neste caso, se encontrar algum problema, alertar os órgãos competentes.
“Muitas vezes, por conta do período mais seco, tem um acúmulo muito grande de poeira. Essa poeira é substrato, como se fosse um solo para o crescimento de plantas. Então, o acúmulo disso no telhado, nas calhas ou mesmo nos terrenos, favorece o armazenamento de água, que é a condição ideal para o mosquito”, afirma o professor.
Outro problema está relacionado à movimentação das telhas devido às rajadas de vento, lembra o biólogo.
“Recentemente, tivemos momentos de tempestades com ventanias muito intensas. O leve movimento da telha pode ocasionar um acúmulo de poeira e favorecer o aparecimento de um reservatório, do diâmetro de uma tampa de garrafa, e que para alguns mosquitos já é o suficiente para depositar ovos”, diz Pscheidt.
As piscinas devem ser bem cobertas, com lonas. Vale colocar tijolos, rochas ou pedras para manter essa lona esticada.
O QUE É DENGUE?
A dengue é uma doença febril cuja transmissão ocorre pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti também responsável pelos casos de chikungunya, zika e febre amarela.
Os sintomas são febre alta (acima de 38°C); dor no corpo, nas articulações, atrás dos olhos e de cabeça; mal-estar, falta de apetite e manchas vermelhas no corpo. Ela não se confunde com gripe e Covid, porque não causa sintomas respiratórios e dor de garganta.
Os sinais de alerta para a gravidade são queda importante na pressão, sonolência, alteração no nível de consciência, hipotermia, dor abdominal intensa, vômitos e sangramento.
A dengue possui quatro sorotipos. Quando um indivíduo é infectado por um deles adquire imunidade contra aquele vírus, mas ainda fica suscetível aos demais. Na reinfecção, a chance de ser grave é maior.
Se benigna, na maioria dos casos, cura com hidratação. David Uip, infectologista e reitor do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC, explica que, além do choque hemorrágico, a dengue grave pode causar miocardite inflamação da camada média do músculo cardíaco e encefalite.