O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), e a Prefeitura de Fortaleza, pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), adotam medidas de reforço assistencial em resposta à situação dos atendimentos pediátricos para doenças respiratórias registrados em 2022. Comparando com o ano passado, foi observado aumento de até 155% no número de assistências na rede municipal. No Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), unidade referência em Pediatria da Rede Sesa, a elevação chega a 128%.
Como medidas efetivas, a Sesa disponibilizou, na última semana, 73 leitos pediátricos nos Hias e nos hospitais Geral Dr. Waldemar de Alcântara (HGWA) e Infantil Filantrópico – Sopai, sendo 15 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), destinados às crianças com síndromes gripais.
Também foram ampliadas as unidades de saúde sentinela, que fazem a vigilância epidemiológica dos pacientes enviando amostras para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). A estratégia vai aumentar a quantidade de exames do painel viral, otimizando a detecção dos patógenos respiratórios. Das amostras identificadas em 2022 pelo Lacen, 56% (1.249) são influenza e 29,9% (667) são vírus sincicial respiratório – este com maior crescimento observado em abril.
Por parte da SMS, foram contratados mais pediatras plantonistas para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), abertos 40 leitos de Enfermaria no Hospital da Criança de Fortaleza, e ampliados os leitos de retaguarda no Sopai, de 60 para 174. Além disso, dois postos de saúde na Capital estarão com farmácias abertas para dispensação de medicamentos.
Sazonalidade
As ações foram divulgadas em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (25), no auditório da Sesa. Na ocasião, o secretário da Saúde do Ceará, Marcos Gadelha, explicou que o crescimento da demanda por atendimento está além do esperado.
“Nós vivemos um período de sazonalidade dessas infecções respiratórias, de março até junho, quando é esperado um aumento dessas doenças em crianças, mas, neste ano, fomos surpreendidos por um aumento significativamente maior, inclusive de casos graves, em relação ao ano de 2021. Dessa forma, quando percebemos a necessidade de abrir mais leitos para as crianças, providenciamos o redimensionamento da rede. Essas ações começaram pela Capital, mas temos capacidade de ampliar também no Interior”.
Os números que apontam o crescimento de casos de síndromes gripais no Estado também mostram que o público mais atingido é o infantil. “De 2.107 amostras identificadas com vírus respiratórios, 906, ou seja, 43%, foram em crianças de zero a nove anos. Além disso, não há predominância de sexo, atingindo meninos e meninas”, enumera a secretária executiva de Atenção à Saúde e Desenvolvimento Regional da Sesa, Tânia Mara Coelho.
Na coletiva, a titular da SMS, Ana Estela Leite, destaca que alguns cuidados simples podem barrar esse crescimento de síndromes gripais. “Não é covid-19, mas os mesmos cuidados que recomendamos durante a pandemia podem ser eficazes para as síndromes respiratórias. Lavar e higienizar as mãos, se hidratar, evitar levar as crianças com sintomas de gripe para as escolas. Esses hábitos já são muito importantes”, ressalta
Cobertura vacinal baixa
“Essa estratégia de fazer essa oferta emergencial de leitos não é o que a gente queria. O ideal seria ampliar a cobertura vacinal para não ter que ser surpreendido pelo aumento súbito de infecção respiratória e sobrecarregar os hospitais a ponto de ter situações desconfortáveis para as pessoas. A mensagem é: não basta somente trabalhar a ampliação de leitos, tem de reforçar a vacinação”. O alerta foi feito pelo secretário Marcos Gadelha, lembrando aos pais e responsáveis que a campanha de vacinação infantil para influenza ocorre em todos os municípios cearenses até o dia 3 de junho.