A taxa de desemprego no Brasil recuou para 13,2% no trimestre encerrado em agosto, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (27).
No trimestre anterior, até maio, a taxa estava em 14,6%. Em igual período de 2020 (junho a agosto), era de 14,4%.
Com o novo resultado, o número de desempregados foi estimado em 13,7 milhões. Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua).
Pelas estatísticas oficiais, um trabalhador é considerado desocupado quando não está atuando e segue em busca de novas oportunidades, com ou sem carteira assinada ou CNPJ.
A taxa de desemprego ficou um pouco abaixo do nível esperado pelo mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam indicador de 13,4% no trimestre até agosto.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado foi de 31 milhões de pessoas, subindo 4,2% (1,2 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior e 6,8% (2,0 milhões) ante o mesmo trimestre de 2020.
O número de empregados sem carteira assinada no setor privado (10,8 milhões) subiu 10,1% (987 mil pessoas) no trimestre e 23,3% (2,0 milhões de pessoas) no ano, as maiores variações da série histórica, em termos percentuais e absolutos, na comparação anual.
Já o número de trabalhadores por conta própria (25,4 milhões de pessoas) foi recorde da série histórica, com altas de 4,3% (mais um milhão de pessoas) no trimestre e de 18,1% (3,9 milhões de pessoas) na comparação anual.
A chegada da pandemia, em 2020, atingiu em cheio o mercado de trabalho. Com as restrições e a paralisação de empresas, houve destruição de vagas em diferentes setores, e mais brasileiros foram forçados a procurar emprego.
Na visão de analistas, a melhora consistente do quadro depende em grande parte do desempenho do setor de serviços.
Esse segmento, o principal empregador do país, sofreu com as restrições na crise porque reúne atividades dependentes da circulação de clientes.
Bares, restaurantes, hotéis e eventos são exemplos de serviços prejudicados pelo coronavírus. As atividades, agora, têm expectativa mais positiva devido ao avanço da vacinação contra a Covid-19.
Contudo, o aquecimento da economia como um todo, necessário para a melhora do mercado de trabalho, é colocado em xeque por uma série de dificuldades.
A preocupação de parte dos analistas com o cenário macroeconômico ganhou força na semana passada.
O motivo foi a decisão do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de driblar o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil de R$ 400, entre outras despesas, como emendas parlamentares.
O ruído fiscal já derrubou projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano. O Itaú Unibanco, por exemplo, passou a estimar recessão em 2022, com baixa de 0,5% no PIB. A previsão anterior era de avanço de 0,5%.
Essa contração da atividade econômica deve levar o país a uma taxa de desemprego de 13,3% ao fim do próximo ano, relatou o banco na segunda-feira (25). A marca é maior do que a projetada anteriormente pelo Itaú (12,6%).