Os leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) antes exclusivos para tratar casos críticos de Covid-19 estão sendo gradativamente reduzidos no país com a queda nas internações. Apenas seis estados –Goiás, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina– e o Distrito Federal têm mais de 30% de suas UTIs ocupadas com pacientes com a doença, segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo com base em dados desta segunda-feira (11).
Logo após o feriado de Carnaval, o cenário no início de março já era de redução gradativa. Na ocasião, apenas Sergipe e Espírito Santo registravam percentuais acima de 60% de leitos utilizados.
O quadro é bem diferente de meses anteriores, quando havia lotação das UTIs em diversas partes do Brasil. Em janeiro, por exemplo, oito estados e o DF apresentavam taxas de 80% de ocupação em seus leitos exclusivos para casos da Covid.
O estado de São Paulo apresentou uma manutenção das taxas de ocupação de leitos nas últimas duas semanas, sem grande mudança no percentual.
Porém, a média móvel de leitos disponíveis para Covid caiu cerca de 14% nesse mesmo período. Olhando para um espaço de tempo mais longo (desde 7 de março), houve uma queda de 40% nos leitos disponibilizados e de 18 pontos percentuais no nível de ocupação.
Situação semelhante ocorre na capital paulista. Com pouca variação de ocupação de UTI desde o início do mês, a média móvel de leitos disponíveis diminuiu quase 10% nesse espaço de tempo. Desde 7 de março, houve uma queda maior do que 50% nos leitos disponibilizados e uma queda de oito pontos percentuais na ocupação.
O Distrito Federal tinha 35% dos leitos de UTI ocupados nesta segunda-feira. No total, a unidade da federação possui 17 leitos específicos para adultos com Covid, sendo que 6 estão ocupados.
Segundo o governo do Distrito Federal, a diminuição de casos de coronavírus possibilitou a remobilização dos leitos da rede para a realização de cirurgias e assistência a outras doenças. A unidade da federação tem ainda 14 leitos de UTI neonatal e pediátrica, sendo que 7 estão ocupados.
No Rio de Janeiro, a taxa de ocupação dos leitos para Covid está em 21%. No momento, o estado conta com 736 leitos de UTI.
No Espírito Santo, a queda nos casos de Covid fez com que o sistema de saúde do estado reduzisse em mais da metade o número de leitos desde março, passando de 333 para 107 leitos no período. A ocupação caiu de 62% para 27%.
Em Pernambuco, o número proporcional de internados passou de 52% para 54% em um mês. No entanto, o número absoluto desabou, já que o número de leitos de UTI disponíveis para síndrome respiratória aguda grave diminuiu de 1.071 para 789.
O governo do estado monitora os indicadores em meio à Semana Santa, período no qual o fluxo de pessoas viajando e indo para casa de amigos e parentes se intensifica. Esse será o primeiro feriadão em Pernambuco após a liberação do uso de máscaras em espaços abertos.
Entre os estados nordestinos, o Piauí registrou a maior taxa de ocupação de leitos: nesta segunda, o estado tinha 61% de ocupação nos seus 180 leitos de UTI para a Covid. No último levantamento, em 7 de março, o Piauí tinha 145 leitos, com taxa de ocupação de 48% para tratamento de casos graves da doença.
Na Bahia, a ocupação dos leitos de UTI para pacientes com coronavírus é de 15%, ante os 31% registrados no começo de março. Nesse intervalo, com a queda nas internações, 185 leitos foram desativados no estado, que passou de 585 para 400 vagas de UTI.
No Ceará, a taxa de ocupação caiu de 36% para 27%, de 7 de março a 11 de abril. Nesse intervalo, 169 leitos foram desativados –hoje há 107 vagas.
No Rio Grande do Norte, apenas 10% dos 80 leitos de UTI para Covid estão preenchidos. Em Natal, 4 dos 9 leitos de UTI para Covid estão ocupados.
No Rio Grande do Sul, embora a ocupação de leitos de UTI em geral tenha aumentado (o Estado não contabiliza leitos exclusivos para Covid), as unidades têm recebido menos pacientes com coronavírus. Enquanto no início de março havia 391 pessoas internadas em UTI com diagnóstico ou suspeita de Covid, esse número na segunda era de 168.
Em Santa Catarina e no Paraná, tanto o número de leitos reservados à Covid quanto a ocupação deles apresentaram queda. Em 7 de março, Santa Catarina tinha 47% dos seus 385 leitos Covid ocupados, hoje são 34% dos 95 leitos, totalizando 32 pacientes da doença. No Paraná, o percentual de ocupação caiu de 43% para 25% e o número de leitos foi de 709 para 491 -o estado soma 122 internações por Covid.
No Centro-Oeste, em Goiás, a ocupação é de 48% nos 67 leitos de terapia disponíveis para casos de Covid. Na primeira semana de março, eram 194 leitos de UTI disponibilizados. A diminuição também é observada na capital Goiânia, onde 10% dos 65 leitos de UTI para Covid estão ocupados.
Em Mato Grosso do Sul, a ocupação dos leitos também é baixa, com 12% das unidades ocupadas ante 44% em 7 de março. Atualmente, o estado conta com 194 leitos de UTI.
Na região Norte, o Amazonas apresenta taxa de ocupação de 20%. O número de leitos disponíveis para Covid foi reduzido de 136, em março, para 49, em abril. Houve redução nos leitos de UTI para adultos com Covid-19 também em Rondônia, com as vagas passando de 71 para 53 no período. Na capital Porto Velho, a diminuição foi de 53 para 34.
A ocupação nesta segunda-feira era de 37%, ante 35% em 7 de março. O hospital do estado que registra maior número de leitos de UTI em uso para adultos é o Cemetron, na capital. Nele, de um total de 22 vagas, 11 estão ocupadas. Porém, até o momento, 10 casos são de pacientes com suspeita de terem a doença, e apenas 1 teve quadro confirmado para Covid-19.