Um arrastão na região central de São Paulo, perto da cracolândia, assustou moradores e comerciantes locais na tarde desta terça-feira (8). A confusão começou por volta das 13h. Imagens gravadas no local mostram a ação de grupos de usuários de drogas roubando lojas e ameaçando pedestres.
Motoristas subiram nas calçadas para escapar. “Sempre que tem alguma coisa na cracolândia, começamos a escutar os boatos. A cracolândia começou a descer a rua Helvétia e as lojas foram se fechando. Nisso veio o arrastão. Tiraram gente dos carros, roubaram lojas. Fechamos as portas porque ainda havia clientes almoçando”, diz Aldino de Magalhães, 49, dono de um restaurante na esquina da Alameda Barão de Limeira com rua Helvétia.
Segundo Aldino, o grupo usava pedaços de madeira para intimidar os comerciantes. “Durou uns 40 minutos. Aqui na Helvétia com a Barão de Limeira, durou de 20 a 30 minutos. Foi uma confusão, teve até carro em cima da calçada. O cara veio pela calçada porque estava com medo, totalmente transtornado”, diz Aldino.
O psiquiatra Flávio Falcone, o Flávio Palhaço, que atua na região da cracolândia a quase dez anos, diz que nas últimas semanas o fluxo –aglomeração de usuários à céu aberto no local– havia passado da Alameda Clevaland para a rua Dino Bueno.
O conflito teria começado após tentativa de retirar os usuários do local. “A prefeitura deve começar o cadastramento do bolsa aluguel para os moradores daquela quadra e hoje tentaram tirar o fluxo de lá. Foram pegando tudo o que havia e os usuários foram para a praça Princesa Isabel. Lá, eles reagiram porque a GCM usou bombas de gás”, diz Falcone.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública não informou se houve feridos e presos.
Reeleito, o prefeito Bruno Covas (PSDB) terá a 1,7 km de seu gabinete, no edifício Matarazzo, a cracolândia como um problema social, de saúde e de segurança pública que se arrasta há 25 anos na região da Luz. Apesar de o ex-prefeito e atual governador João Doria (PSDB) ter chegado a afirmar em 2017 que a cracolândia não existia mais, após uma ação coordenada entre os governos do estado e municipal, o local onde se reúnem usuários de drogas a céu aberto continua sendo uma chaga bem no coração da cidade.
Neste ano, a retirada de serviços públicos do local, como a unidade Emergencial de Atendimento (Atende 2), um centro de assistência social e de saúde, fechado em meio à pandemia do novo coronavírus, desafia o poder público a encontrar soluções. Em substituição, a prefeitura abriu um Serviço Integrado de Acolhimento Terapêutico (Siat 2), no Glicério, a quase 2 km do território da cracolândia.
Folhapress