A Bolsa de Valores brasileira acumulou alta de 24% em dólares em novembro, o décimo melhor desempenho dentre os principais índices acionários do mundo e a terceira maior valorização entre pares emergentes, segundo levantamento de Fabricio Echeverria, líder de produtos e alocação da corretora BlueTrade. O ranking compara ETFs (sigla em inglês para fundos negociados em Bolsa) que acompanham os principais índices acionários de cada país e são negociados em Wall Street, em dólares.
Em primeiro lugar no ranking, está a Bolsa de Valores de Atenas, com alta de 32,8% no mês. Dentre emergentes, o índice da Polônia lidera, com ganhos de 25,7% no mês e, em seguida, está a Turquia, com alta de 25,6%. A forte alta dos índices é reflexo de um otimismo de investidores com os resultados de vacinas contra a Covid-19 e das eleições americanas, que levaram ações a se valorizarem e o dólar, instrumento de segurança em momentos de incerteza, a perder força.
O Ibovespa, principal índice acionário do Brasil, subiu 15,9% em novembro, a maior valorização mensal desde março de 2016, quando saltou 16,97% com a precificação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), que deixou o cargo de presidente em agosto daquele ano.
Nesta segunda-feira (30), a Moderna apontou eficácia de 94,1% em seu imunizante, entrando com pedido de aprovação emergencial para vacina contra Covid nos EUA. No último dia 18, a Pfizer, em parceria com a BioNTech, divulgou que a sua vacina é segura e tem 95% de eficácia. Já a Universidade de Oxford (Reino Unido) em parceria com a farmacêutica AstraZeneca disse, no último dia 23, que seu imunizante teria eficácia de até 90%. Há ainda outras sete vacinas na corrida em última fase de testes, com resultados para serem divulgados nos próximos meses ou semanas.
“O mercado começou a colocar na conta a luz do fim do túnel e acredita que as coisas voltem mais ou menos ao normal com a vacina, que tiveram resultados muito animadores. As pessoas terão menos receio de ir para a rua”, diz Pedro Serra, gerente de análise de empresas da Ativa Investimentos.
Mesmo com uma segunda onda de coronavírus levando a recordes de novos casos na Europa e nos Estados Unidos, investidores acreditam que a aprovação emergencial da vacina pode estimular uma recuperação mais robusta da economia, o que levaria a um aumento no lucro previsto das companhias. Segundo Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear, novembro teve a 11ª maior alta mensal do Ibovespa desde que o real foi implementado, em julho de 1994.
“A alta em novembro é o mercado precificando a expectativa de eficácia de vacinas e a sua produção de massa, bem como a eleição americana”, diz Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear.
O mercado reagiu positivamente à vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, com uma maioria republicana no Senado, o que evita mudanças drásticas na condução da maior economia do mundo.
“Com o cenário de maior propensão ao risco e a Bolsa brasileira barata em dólares frente seus pares, os investidores estrangeiros observaram uma boa janela de oportunidade de risco versus retorno e voltaram literalmente com tudo”, diz Indech. O risco fiscal brasileiro, porém, pode levar a uma nova saída de estrangeiros, alertam analistas.
Já o real teve seu melhor mês de novembro já registrado, sendo a sexta moeda que mais se valorizou no mundo no período, marcado pelo enfraquecimento da moeda americana. Dentre emergentes, foi a segunda atrás apenas do peso colombiano. O dólar recuou 6,8% ante o real no período, a R$ 5,3480. O turismo está a R$ 5,503. Esta é a maior queda mensal do câmbio desde outubro de 2018, quando Jair Bolsonaro (sem partido) ganhou as eleições presidenciais, levando o dólar a cair 8,5%. No ano, porém, a divisa americana acumula um salto de 33,2% ante a brasileira. Nesta sessão, o dólar subiu 0,4%, em dia de correção global para a moeda.
Folhapress