Símbolo do movimento abolicionista e considerado herói nacional, Francisco José do Nascimento – Dragão do Mar – morreu em 1914. Conforme historiador cearense, o local exato do sepultamento era desconhecido, até que foi identificado em julho desse ano, depois de mais de um século da morte do herói. O túmulo foi localizado no Cemitério São João Batista, em Fortaleza.
Ainda que tenha liderado o célebre trancamento do porto de Fortaleza em 1881, que impediu o comércio de escravizados com outras regiões brasileiras, Dragão do Mar faleceu em meio ao ostracismo. O jazigo onde foi enterrado só foi identificado 106 anos depois do falecimento do abolicionista.
Cemitério São João Batista, Fortaleza, segundo plano, lado Sul, rua 22. Mapeamento foi feito a partir de um estudo do historiador Licínio Nunes de Miranda. “A busca pelos restos mortais de Nascimento é resultado de minhas pesquisas para o doutorado a respeito das principais figuras do abolicionismo cearense. Percebi que várias delas, sequer se sabiam onde estavam enterradas. Fiz, então, um trabalho metódico no cemitério, procurando os jazigos dos abolicionistas, durante dias. Em certo momento, fiquei surpreso ao me deparar com uma placa que informava: ‘Descanso eterno do major Francisco José do Nascimento”, explicou o pesquisador.
Para Antero Pereira, historiador de Aracati: “É preciso valorizar nossos heróis sempre, não apenas nas datas comemorativas, como a data da Consciência Negra. O Ceará deve agradecer e enaltecer o trabalho do Licínio Nunes de Miranda. Sem sua pesquisa e descoberta do tumulo do Dragão do Mar jamais saberíamos onde estava sepultado”.
Chico da Matilde, como ficou conhecido na infância, Francisco José do Nascimento nasceu em Canoa Quebrada, Aracati, em 15 de abril de 1839. Filho de pai pescador e mãe rendeira, Dragão do Mar se consagra como uma das figuras mais emblemáticas do movimento abolicionista não só do Ceará, mas do país.