O Reino Unido e os Estados Unidos condenaram nesta segunda-feira (19) o que chamaram de ciberataques que teriam sido orquestrados por agentes de serviços de espionagem russos, incluindo tentativas de atingir os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Autoridades britânicas e norte-americanas afirmaram que os ataques foram conduzidos pela Unidade 74455 da agência de espionagem militar russa GRU, também conhecida como Centro Principal de Tecnologias Especiais. O Departamento de Justiça dos EUA afirmou que seis membros da unidade tiveram papéis importantes nos ataques contra alvos que variaram desde a Organização para a Proibição de Armas Químicas às eleições de 2017 na França. As acusações envolvem quatro anos de atividades entre 2015 e 2019.
As autoridades dos EUA não comentaram se o momento da revelação, há poucas semanas da eleição nos Estados Unidos, foi escolhido para alertar sobre a atividade de grupos de hackers apoiados por governos estrangeiros. Já autoridades britânicas afirmaram que os hackers do GRU também conduziram operações de “ciber reconhecimento” contra os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que seriam realizados neste ano, mas acabaram sendo adiado para 2021 por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19).
As autoridades britânicas se recusaram a dar mais detalhes sobre os ataques ou a afirmar se foram bem sucedidos, mas disseram que tinham como alvo os organizadores das Olimpíadas, fornecedores e patrocinadores. O secretário do Exterior do Reino Unido, Dominic Raab, afirmou que as “ações do GRU contra as Olimpíadas são cínicas e imprudentes. Condenamos elas nos termos mais fortes possíveis”.
O vice-diretor da polícia federal dos EUA (FBI) David Bowdich afirmou: “O FBI repetidamente tem alertado que a Rússia é um adversário altamente capaz em ciberataques e a informação revelada neste indiciamento ilustra como as atividades cibernéticas da Rússia são invasivas e destrutivas”.
Em dezembro de 2019, a Rússia foi banida dos Jogos Olímpicos por quatro anos por causa de acusações de doping de seus atletas.
As autoridades britânicas e norte-americanas afirmaram nesta segunda-feira (19) que os hackers russos se envolveram em outros ataques, como o que comprometeu sistemas de computadores dos Jogos de Inverno em 2018, durante a cerimônia de abertura na Coreia do Sul. Este ataque comprometeu centenas de computadores, derrubou acesso à internet e interrompeu as transmissões de mídia.
Japão adotará medidas para proteger Olimpíada de ataques cibernéticos
O Japão anunciou nesta terça-feira (20) que adotará contramedidas para que a Olimpíada de Tóquio do ano que vem não seja prejudicada por ataques cibernéticos, depois que o Reino Unido e os Estados Unidos acusaram a Rússia de orquestrar esforços para tumultuar os Jogos. Os organizadores da Olimpíada não relataram nenhum impacto significativo em suas operações para os Jogos de 2020, que foram adiados para o ano que vem devido à pandemia de novo coronavírus (ocvid-19).
O secretário-chefe de gabinete japonês, Katsunobu Kato, não quis dar detalhes, mas disse que seu país fará todos os esforços para proteger os Jogos de possíveis tentativas de invasão virtual. “Não podemos fazer vista grossa a ataques cibernéticos mal intencionados que ameaçam a democracia”, disse Kato em uma coletiva de imprensa, acrescentando que o Japão está recolhendo e analisando informações e mantendo contato frequente com o Reino Unido e os EUA. “A Olimpíada é um grande evento internacional que atrai atenção, e as medidas de segurança cibernética são extremamente importantes.”
Um porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI) disse que a segurança cibernética é uma das maiores prioridades da entidade.
Agência Brasil