A inflação acumulada neste ano, até setembro, foi maior para aqueles que recebem até três salários mínimos, com alta de 2,29%. O índice das famílias mais pobres é sete vezes maior do que o daquelas de renda mais elevada, segundo comparação feita em estudo do Banco Central divulgado nesta quinta-feira (12).
A pesquisa mostrou que a faixa de renda que menos sentiu a alta de preços foi a de 10 a 40 salários (até R$ 41.800), com 0,32%. Famílias que recebem de 3 a 10 salários mínimos (até R$ 10.450) viram o poder de compra diminuir 1,35% no período.
De acordo com o levantamento, pessoas mais pobres gastam mais com alimentação no domicílio, segmento que mais pressionou a inflação após a pandemia do novo Coronavírus. Além disso, o documento mostra que houve maior variação dos preços de serviços e alimentos consumidos especificamente por famílias com rendas menores.
“A pandemia da Covid-19 tem influenciado a inflação e os preços relativos no Brasil desde março. Por um lado, distanciamento social, aumento do desemprego e retração da atividade deprimiram os preços de diversos serviços. Por outro, a depreciação cambial, os programas de transferência de renda e o aumento dos gastos com alimentação no domicílio pressionaram os preços dos alimentos”, destacou o BC.
No estudo, a autoridade considerou três faixas de renda. O grupo que recebe de 1 a 3 salários mínimos representa 46,2% da população alvo do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), inflação oficial do país calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Famílias que ganham de 3 a 10 salários mínimos equivalem a 44,0% e de 10 a 40, são 9,8% dentro do índice.
No Nordeste, a inflação para famílias que ganham menos é a maior do país, com 3,14%. No Sul, pessoas de baixa renda sentiram menos a alta de preços, com 1,39%. A pesquisa também apontou que os preços de alimentos subiram mais no Norte e no Nordeste, inclusive para as famílias de baixa renda. Para a autoridade monetária, o movimento é efeito do auxílio emergencial.
Por outro lado, a inflação de serviços é mais baixa para a faixa de renda mais alta, principalmente no Sul e no Sudeste. “Em parte, pela maior participação de itens como passagem aérea, transportes por aplicativos e hospedagem, que foram impactados pela menor mobilidade”, disse o texto.
Larissa Garcia/Folhapress