O mundo chegou ao total de 1,5 milhão de mortos pelo novo coronavírus nesta quinta-feira (3), quase 11 meses após o primeiro óbito oficial notificado, em 11 de janeiro, e cerca de 8 meses depois de a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar que a Covid-19 era uma pandemia, em 11 de março.
O número -1.501.076, de acordo com os dados compilados pela Universidade Johns Hopkins – é maior que o total de mortos por tuberculose em todo o mundo em 2019 (1,4 milhão) ou que toda a população de Recife.
A marca é batida em meio a novos recordes tétricos, mas, ao mesmo tempo, a notícias animadoras relacionadas a uma vacina que possa pôr fim à pandemia.
Um dia antes, o Reino Unido se tornou a primeira nação do mundo a aprovar o uso em massa de uma vacina seguindo os protocolos usuais de conclusão de testes e divulgação de eficácia. A vacina da farmacêutica americana Pfizer com a empresa de biotecnologia alemã BioNTech, cuja eficácia foi calculada em 95%, estará disponível a partir da próxima semana para a população britânica.
Nesta quarta, porém, a Itália registrou 993 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, número que superou o recorde anterior de 969 mortes em 27 de março, até então auge da pandemia, segundo anúncio oficial do governo.
E os Estados Unidos, que ocupam o primeiro lugar em total de mortos, com 274.577, alcançaram um novo e triste recorde: mais de 100 mil pessoas hospitalizadas com Covid-19. É a primeira vez que esse teto é superado no país mais afetado pela pandemia.
O país lidera também em número de casos, com mais de 14 milhões até esta quinta-feira. Em segundo lugar, a Índia registrou 9.534.964 casos. No Brasil, segundo país com maior número absoluto de mortes, até a última quarta-feira (2) foram registrados 174.531 óbitos, de acordo com os dados do consórcio de veículos de imprensa. Em total de casos, foram registrados, no Brasil, mais de 6,4 milhões, atrás somente dos EUA e da Índia.
A escalada do número de novos casos e óbitos, desde meados de outubro, causa preocupação especialmente após uma desaceleração no início de setembro. Em menos de dois meses, foram registradas quase 25 mil mortes no Brasil. Os números acompanham uma projeção realizada pelo Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME, na sigla em inglês) da Universidade de Washington, um dos maiores centros de pesquisa em doenças globais, que previu 180 mil mortes até o dia 1˚ de janeiro no país.
Os países europeus, que viram o surgimento de uma segunda onda forte nos últimos meses, também preocupam ao baterem recordes do início da pandemia. Além da Itália, a França tem registrado novos picos diários praticamente toda semana desde o início de outubro, quando o país bateu pela primeira vez a marca de 30 mil casos em um dia. A Alemanha atingiu a marca de 1 milhão de infectados no último dia 27.
Bélgica e Espanha são os países europeus com as maiores taxas de mortes por milhão de habitantes, com 1.456 e 985 respectivamente, seguidos da Itália (961) e Reino Unido (884). Na sequência vêm Argentina (863), Estados Unidos (847), México (831), França (829), Brasil (824) e Chile (803).
Medidas de restrição e de toque de recolher foram anunciados para diversos países europeus, em uma medida de tentar conter o avanço do coronavírus. No Reino Unido de Boris Johnson, que afirmou que o país não aguentaria um segundo lockdown, um novo confinamento foi estipulado até o último dia 1˚ de dezembro.
VACINA
Além da crise sanitária instalada, que já levou à contaminação de mais de quase 65 milhões de pessoas em todo o mundo, a pandemia do coronavírus trouxe também uma crise econômica mundial, ainda mais agravada pela desigualdade social em todo o mundo.
A corrida pela vacina contra a Covid-19 é mais um dos indicadores dessa desigualdade. Enquanto há, no momento, cerca de 200 candidatas à vacina em todo o mundo, os imunizantes que estão em fase mais avançada de desenvolvimento ou já entraram com pedido de aprovação, como a da Pfizer e da Moderna, foram adquiridos quase em sua totalidade por países ricos.
No Brasil, o governo federal firmou acordo com a Universidade de Oxford (Reino Unido), que desenvolve uma vacina em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. A vacina, porém, deverá ter seus ensaios clínicos de fase 3 reconduzidos após a identificação de um erro no protocolo que levou a um cálculo de eficácia diferente do imunizante.
Além da chamada vacina de Oxford, o governo adquiriu também cerca de 42 milhões de doses do consórcio Covax Facility. Na última terça-feira, o Ministério da Saúde divulgou o plano de vacinação no país, cujo início deve ser em março de 2021. Os primeiros a receber a vacina devem ser grupos de risco e profissionais de saúde.
Folhapress