A capital do Ceará terá um segundo turno da eleição para a prefeitura entre o deputado estadual José Sarto (PDT), 61, e o deputado federal Capitão Wagner (Pros), 41.
Com 100% das urnas apuradas, Sarto teve 35,7% dos votos válidos, e Wagner, 33,3%, garantindo a disputa entre os dois em 29 de novembro.
Sarto, médico com sete mandatos seguidos como deputado estadual no Ceará, foi escolhido como candidato da situação pela liderança do PDT após uma série de debates com outros quatro pré-candidatos. Não havia, portanto, um nome de consenso, e a decisão por Sarto foi por ele ser mais conhecido da população.
Em terceiro lugar (17,8%) ficou a ex-prefeita de Fortaleza e deputada federal Luizianne Lins (PT), 51. Depois de aparecer bem colocada nas primeiras pesquisas divulgadas, ela perdeu espaço para Sarto, candidato do prefeito em segundo mandato Roberto Cláudio (PDT) e dos irmãos Ciro e Cid Gomes.
A expectativa agora é se Luizianne anunciará apoio a Sarto no segundo turno, já que o governador petista Camilo Santana é aliado dos Ferreira Gomes e desafeto de Capitão Wagner no estado.
“Eu vou conversar com todos os partidos e todas as pessoas. A minha luta não é contra ninguém, é a favor de Fortaleza. Vou convidar a todos. Eu sempre disse isso, até nos debates. Tenho maior respeito pela candidata. Luizianne é uma pessoa séria”, disse Sarto.
O candidato do Pros chega pela segunda vez seguida ao segundo turno da eleição municipal em Fortaleza. Em 2016 teve 46,4% dos votos, mas acabou derrotado por Roberto Cláudio que conseguiu 53,6%.
“Estamos felizes com o resultado. A diferença é de cerca de 30 mil votos. Acredito que esses 14 dias vão ser de muito trabalho. A gente ligou para vários candidatos, pra desejar boa sorte. [A gente vai] Entrar em contato com os candidatos e, principalmente, com os eleitores desses candidatos”, disse Wagner.
Ex-policial, Wagner ganhou notoriedade ao ser um dos líderes do motim de policiais militares no Ceará em 2011. Em 2012 foi eleito vereador da capital, em 2014 chegou à Assembleia Legislativa do Ceará e em 2018 a Brasília como deputado federal.
No início da campanha, tentou ampliar o alcance de sua candidatura em temas distintos ao da segurança pública, sua especialidade, mas o assunto acabou sendo foco antes do primeiro turno por causa do mais recente motim de policiais, o de fevereiro de 2020.
O governador Camilo Santana acusou Wagner de ter sido um dos líderes da paralisação deste ano, o que ele nega. Até o ex-ministro da Justiça Sergio Moro entrou na discussão ao gravar vídeo afirmando que Wagner não liderou o motim e, em reunião com Moro, pediu ajuda para uma solução rápida.
Esperava-se, o que se confirmou, uma campanha mais limitada nas ruas por causa da pandemia -faltando 11 dias para o primeiro turno, a Justiça Eleitoral do Ceará proibiu campanhas na rua, como carreata e bandeiraços.
Sarto começou com 4% nas pesquisas, mas foi subindo, em um primeiro momento confrontando Luizianne Lins, com quem disputava votos de eleitores mais à esquerda. Por isso há a expectativa de saber se a deputada federal apoiará ou não publicamente Sarto -é certo que o governador Camilo Santana, aliado dos Ferreira Gomes, fará isso.
Com apoio público de Jair Bolsonaro (sem partido), Capitão Wagner evitou na campanha citar o presidente, apesar de dizer em seu horário eleitoral que uma parceria com o governo federal seria tão importante quando com o estadual.
Já Sarto, mesmo sem citar nominalmente Camilo porque é do partido da adversária, bateu na tecla da parceria com o estado para tentar atrair o público que aprova o governador -Camilo foi reeleito em 2018 com 79,9% dos votos.
Também concorreram nestas eleições para prefeito da capital cearense o deputado estadual Heitor Férrer, 65 (Solidariedade), o deputado federal Célio Studart, 33 (PV), o deputado estadual Renato Roseno, 48 (Psol), o deputado federal Heitor Freire, 39 (PSL), o professor Anízio Melo, 60 (PC do B), a professora Paula Colares, 40 (UP), o professor Samuel Braga, 67 (Patriota) e o petroleiro José Loureto, 46 (PCO).
Marcel Rizzo/Folhapress