O presidente norte-americano Donald Trump compartilhou no Twitter, na noite desta sexta-feira (20), uma entrevista do bolsonarista Allan dos Santos sobre suposta fraude nas eleições norte-americanas. Santos é um dos investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no inquérito das fake news, deixou o Brasil em julho e passou a morar nos Estados Unidos.
Um dos responsáveis pelo site bolsonarista Terça Livre e alvo de ao menos duas operações de busca e apreensão da Polícia Federal ordenadas pelo Supremo, ele participou de programa do canal de TV a cabo chamado One America News Network, pró-Trump.
Allan tem dito que identificou fraudes na recente eleição norte-americana que deu a vitória para o democrata Joe Biden contra Trump, de quem é um defensor. No entanto, no programa não apresentou qualquer prova concreta e se restringiu a reproduzir teorias frágeis de manipulação das eleições que têm sido disseminadas por apoiadores do presidente norte-americano.
Autoridades eleitorais dos Estados Unidos têm dito que a disputa foi a mais segura da história.
O Twitter colocou na publicação de Trump um alerta de desinformação que diz que a acusação de fraude ali contida é contestada.
Allan disse no programa que uma das empresas que produz máquinas de contagem de votos, Smartmatic, é controlada por um membro do conselho da Open Society Foundations, Mark Malloch-Brown, criada pelo bilionário filantropo George Soros, alvo frequente de ataques da direita radical.
Rudy Giuliani, advogado de Trump, já citou a mesma teoria em linhas gerais anteriormente, em argumento classificado como conspiratório.
Também repetindo senda aberta por Giuliani e outros trumpistas, Allan atacou a empresa Dominion, responsável pelos softwares de máquinas de contagem de votos. O próprio Trump já fez críticas à empresa, acusando-a de ter computado milhões de votos a menos para ele.
A Dominion publicou uma declaração em conjunto com o departamento de segurança dos EUA afirmando não existir qualquer evidência de que qualquer sistema de votação tenha deletado, perdido ou mudado votos nas eleições norte-americanas de 2020.
Camila Mattoso/Folhapress