O desvio da culpa

Recentemente fomos surpreendidos com o assassinato no Rio Grande do Norte, de uma advogada no exercício de sua profissão, o que deixou muita gente em lados opostos ao que de fato aconteceu.

Digo de lados opostos, porque enquanto alguns atacavam o fato da advogada “defender bandido” e ter postado em sua rede social sua rotina, outros tantos se indignavam por terem pessoas culpando a vítima pelo ocorrido.

Infelizmente em várias situações a gente consegue perceber que a internet está cheia de “juízes” do comportamento humano, são PHD na vida alheia, quando nem formação de fato muitas vezes possuem.

Não, a formação em qualquer área, não é sinônimo de sabedoria, até porque existem muitas pessoas formadas que são mal educadas, como não formadas que são muito bem sucedidas e educadas, a questão é você opinar sobre algo que não detém o conhecimento.

Cabe dizer o óbvio, até porque muitas vezes é preciso ser dito, a culpa jamais é da vítima, bem como não, não sou a favor da barbarie.

Desse acontecimento e de tantos outros só me vem a música Relicário de Nando Reis, “o mundo está ao contrário e ninguém reparou”. É verdadeiramente trágico uma pessoa perder a sua vida de forma tão brutal apenas por seguir trabalhando.

Algumas pessoas sabem, como advogado, não atuo no direito criminal, o que não me faz ser insensível ao trágico momento vivido, não atuo por convicções particulares, mas compreendo que todos tem direito a defesa, cabe a cada um procurar quem a faça.

Compreender isso é uma das coisas que nos diferencia dos animais irracionais que vivem por instintos. Uma das características do que nos define humanos, saber agir com razão, ter empatia e trabalhar com dignidade.

Além do mais, outros tantos valores vem declinando na sociedade, a honestidade, verdade, honra, retidão, além de fugir das meias verdades ou julgamentos imprecisos para que consigamos viver melhor.

Uma verdadeira lástima ter que viver no meio de uma sociedade frágil, débil psicologicamente ao ponto de defender o indefensável e mais deprimente ainda perceber que em determinadas circunstâncias ainda temos representantes do povo que agem na sombra, favorecendo o empobrecimento, seja espiritual ou monetário da nação.

A culpa jamais deve ser desviada daquilo que realmente importa.

Que a gente consiga ser mais crítico da atual inversão de valores que a humanidade está presenciando. Não cabe nenhum tipo de argumento para aceitar a “culpa da vítima” como que a mulher vestiu algo muito curto, relativizar o furto, porque estava andando na rua com o celular nas mãos, humanizar o crime, andava de vidro aberto e outras aberrações.

Papo de Quinta por Alex Curvello
Advogado – Presidente da Comissão de Direito Previdenciário OAB Litoral Leste Ceará
@alexcurvello

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