Profissões em risco?

É uma verdadeira lástima perceber que determinadas profissões, até onde posso compreender estão em risco e aqui nem me refiro a um projeto de lei que tramita no congresso para acabar com a necessidade de diploma para mais de 100 profissões ou pela inteligência artificial que vem tomando o lugar de inúmeros profissionais pelo mundo, inclusive a minha.

Em verdade me refiro a fragilidade do ser humano em aceitar valores monetários, mesmo que para isso tenha que ir de encontro aos seus valores internos, ou seja, mesmo que possivelmente tenha que aceitar a corrupção como algo normal.

E sim, não acredito que essa nefasta corrupção possa ser considerada ou se encaixar dentro da normalidade, pois é algo tenebroso, um terror que a humanidade não deveria ser tão conivente.

Em relação a determinados profissionais de algumas profissões, deixo o registro de três que fico assustado quando vejo ou escuto sobre elas.

A profissão de advogado, tenho um certo lugar de fala, ao contrário das duas seguintes, que apenas sou um “consumidor” quando preciso, apesar de me considerar um advogado recém formado, por assim dizer, afinal são apenas seis anos advogando, sendo que dois de uma pandemia que parou tudo, mesmo assim consegui perceber que temos que ter muito cuidado com “oportunidades” indesejadas.

Respeito a atuação de todos os colegas, isso aprendi na advocacia, as histórias tem sempre dois lados e é muito importante não se ter um julgamento precipitado, mesmo quando envolve algo que vai de encontro ao que você acredita ser o certo.

O advogado meche com o “sonho” daquele cliente, seja uma aposentadoria, a liberdade, manter a posse de sua casa, ganhar uma briga de trânsito e tantos outras ramos da advocacia e a cautela é sempre uma boa conselheira para não agir por interesse contrário ao do seu cliente.

Minha esposa não gostava de advogados, justo por uma fama que alguns acreditam que advogado não diz a verdade, isso foi mudando, mas a advocacia proporciona vivenciar um mundo de oportunidades, sendo que ter firmeza para não aceitar algo não republicano em busca de satisfação pessoal é prudente e necessário.

Até porque temos que superar a morosidade da “justiça”, pessoas que querem colocar o dinheiro acima das leis, atos legais antigos e desfasados com o sistema judiciário obedecendo um sistema normativo feito para as pessoas desistirem de buscar o seu direito.

Ademais, é uma lástima perceber que o jornalismo em determinadas situações deixou de ser algo informativo, preocupado com a verdade e bem distante dessa preocupação. Demonstra-se um jornalismo preguiçoso, baseado na polêmica, ou como se diz atualmente, na “lacração”.

Assim, fica evidente que parte do jornalismo não tem cautela em apurar algo significativo, apenas pretende descobrir um ponto fraco a qualquer custo e esse custo muitas vezes é em espécie.

Entendo que o papel do jornalista é muito importante para a sociedade, que deve sempre escutar e averiguar os dois lados da história, afinal as pessoas leem o que está escrito, acabam muitas vezes acreditando e por consequência o jornalista se torna um formador de opinião em grande escala.

E por fim, a medicina, que é fundamental para termos uma sociedade por assim dizer “segura e saudável”, afinal, resumidamente, é através da medicina que conseguimos um conjunto de conhecimentos para a manutenção da saúde, com tratamento e cura de doenças.

Afinal, será que a medicina atual vivência o juramento de Hipócrates? Servir a humanidade, proporcionar o bem-estar do paciente, respeitar a autonomia do paciente, respeitar a vida humana, respeitar o dever com o paciente, usar a consciência, honrar os médicos, guardar a vida humana desde o seu início e jamais usar os conhecimentos médicos para violar os direitos humanos, liberdades civis, mesmo que sob ameaça, são fundamentos essenciais da medicina.

Hoje em dia os representantes da indústria farmacêutica “disputam” o atendimento com os pacientes em relação aos médicos, é constrangedor passar por vezes até horas esperando um atendimento quando é possível perceber que estavam atendendo pessoas que visam única e exclusivamente o dinheiro, o quanto aquele hospital, clínica ou médico pode vender aquele determinado medicamento, é triste.

Por isso e por muito, de forma alguma, a medicina deve ser tratada como mercadoria ou a vida humana como um negócio lucrativo, pensar assim é deprimente, até pelo fato de que para o consenso de muitos a medicina é a profissão mais nobre entre as existentes.

Finalizo com o entendimento que a responsabilidade de qualquer profissional que tem mais, seja conhecimento ou condições financeiras é imprescindível no momento que estamos passando no mundo, devendo usar esse conhecimento e valores para o bem. Que possamos não naturalizar a corrupção e nem tomar o absurdo como algo normal.

Papo de Quinta por Alex Curvello
Advogado – Presidente da Comissão de Direito Previdenciário OAB Litoral Leste Ceará
@alexcurvello

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